Por Marina Guzzo, em torno de De repente fica tudo preto de gente de gente, de Marcelo Evelin | Demolition inc.
Quero botar ovo no mundo.
Quero demolir tudo.
Quero botar o pé na porta.
Quero ter os dentes separados igual a Madonna.
Quero dançar no Japão.
Queroボディ.
Quero clareza de pensamento.
Quero assumir meus cabelos brancos.
Quero ter paixão ao falar e contaminar todos com minha fala.
Queroホロー.
Quero saber o nome dos meus alunos.
Quero olhar no olho.
Quero coerência entre fala e ação.
Quero que a academia e seus conceitos se danem.
私は愛したい、愛される.
Quero produzir obras coreográficas que transformam quem assiste.
Quero morar entre algum lugar e Amsterdam.
Quero voltar e construir um centro de arte contemporânea numa periferia brasileira.
Quero dar pinta por aí.
Quero ser do sertão e dançar os Sertões.
Quero ter olhos vivos de quem vê além.
Quero非常に踊り.
Quero inventar jeitos de existir.
Quero 1000 casas.
Quero tudo preto de gente.
Não quero nenhum matadouro.
Quero nunca mais escrever para nenhum edital.
Não quero chorar sozinha num quarto de hotel.
Quero não querer.
Quero querer tanto a ponto de fazer de qualquer jeito.
Quero em qualquer lugar.
Quero o calor de pele.
Quero o carnaval na vida.
私はお互いを恐れてはいけないことしたい
Marina Guzzo é artista, professora e pesquisadora da UNIFESP, interessada em como a dança pode transformar o mundo.