por SHEILA RIBEIRO a partir de NOSOTRES de Javiera Peón-Veiga
I | |||
sou pele sintétic@, sou pele sintétic@, | sou pele sintétic@ | ||
não quero falar de coisas binárias | as cito | ||
não quero dualismo | o reproduzo | ||
reforço a biologia | não quero falar dela | ||
um ambiente impõe o que eu tenho que fazer | e eu faço (a mesma coisa) – para apontá-la? | ||
somos três | somos os mesmos sou três | ||
3 = | 1 | ||
três como todos e | ninguém | ||
tenho ação e função | tenho ação e função, tenho ação e função | ||
eu sou um chão de pele macia | estão em cima de mim | ||
pisam em mim, se jogam em cima, | de mim | ||
Pele Sintétic@: o tecido é um tipo de pele. é um tipo de pele? o tecido bege do corpo e do chão de mesma pele…um amontoado de pele-figurino. | |||
sintétic@ | impermeável, blindado | ||
sexo de 2nd | life | ||
Manequins de bermudas, soutiens, maiôs em supostas ancas, cinturas e bíceps: com costuras e traços semelhantes, não idênticos. | |||
esfrego, esfrego, raspo | em um, em um, em um | ||
abro, fecho | fecho | ||
arreganho, retraio | vedo | ||
xoxot@ | xerec@ xilen@ | ||
aponto, protejo, | ultimo | ||
pele biológic@, pele etológic@ | pele ontológic@ | ||
pele lacrad@ | |||
pulsando | pulsando, pulsando | ||
trio sintétic@ TS | tensão sexual tensão | ||
equação: não quero ser 2; tentando ser 3 | viro 1 | ||
tirei a máscara | e depois? | ||
II | |||
Quando assisti esse trabalho de dança, achei um segredo que procurei: um clitóris metalizado – piercing brilhante cheio de forças. | |||
III | |||
Em 09/11/2011, escrevi: | |||
“La piel que habito” é um filme do Almodovar. | |||
A pele é uma palavra feminina em espanhol mas, neste filme, | |||
a pele é uma zona profunda, sem sexo e, especialmente, trans | |||
(em tudo que a transformação e o cruzamento possam ser possíveis | |||
e isso, através das | |||
superfícies profundas). | |||
A cultura e o desejo que vencem a biologia. | |||
A pele aqui traz tudo que é humano. | |||
O humano que está na comunicação digital. | |||
A biopolítica é o pretexto e o texto | |||
(como no perigoso filme cristão de Malick , “A árvore da vida” e como no insuportável “Melancholia “, do ainda mais insuportável Lars Von Trier) . | |||
Fiquei pensando comigo mesma que esses três diretores faziam parte do: “Miss biopolítica 2011.” | |||
Almodóvar brinca com desejo, loucura, transformação. | |||
Construção do desejo, construção da loucura, construção da transformação: biopolítica digital. | |||
Ele fala de transexualidade (sim, “a movida” ), e de “loucura”, por trás, porque ele trata TODOS como trans. Transalgumacoisa. | |||
Não tem mais nem objeto, nem criatura. Nem saberes nem pulsões. É outra coisa que a banal racionalidade. De um ” poder do pai “. | |||
O pai, não sabemos mais quem ele é .. se ele é máquina, mulher, trans, movida, típico, atípico, louco, falso … | |||
Este filme é muito além de “máquina e humano”, “objeto / não objeto”, “falso / verdadeiro”, “louco/não louco” | |||
Em coisas mais que híbridas, ele propõe uma revisão da “realidade”. é além da fusão … Enfim, trans. | |||
Ele homenageia a artista Louise Bourgeois e aborda A BONECA | |||
coisa- chave para entender o fetiche contemporâneo. | |||
Construir SUA PRÓPRIA pele, | |||
a pele “do outro”, | |||
peles de outros. | |||
Estas peles que não podem mais ser vistas como “naturais” ou “artificiais”. | |||
veja texto na integra de 09/11/2011, em frances | |||
http://www.qartlog.com/?p=3374 | |||
Sheila Ribeiro = sheilaribeiro.net | |||