por Dalvinha Brandão
Gente, me convidaram pra falar sobre a Bienal Sesc de Dança 2013. Aí eu tenho que ser honesta com vocês: eu de dança contemporânea não entendo muito. Até tinha uma moça que trabalhava aqui em casa que fazia isso – a Deleuza – mas aí ela ganhou um negócio dum edital, me veio toda cheia de si falar que não precisava mais do trabalho. Aí acabou o dinheiro, fez o quê? Veio bater na minha porta de novo. Não quis mais, né, gente, porque a pessoa que cospe no prato que comeu não tem como confiar. “A confiança é como um espelho, depois que quebra não tem mais como colar” (GAGA, Lady)
Enfim, mas me convidaram pra falar sobre um assunto do qual, modéstia à parte, eu tenho um certo domínio, depois de sete casamentos e sete viuvezes, que é homem. E de homem eu entendo, gente, não vou ser hipócrita aqui com vocês. Me mandaram umas fotos dos rapazes do balé, e eu vou fazer o que os americanos chamam de ranking, que, pra quem não sabe, é uma lista em ordem de preferência. Ok? Então eu vou do menos pro mais atraente de acordo com o MEU GOSTO, gente, importante deixar isso claro. Isso não impede que as outras pessoas (que têm mau gosto), pensem diferente.
10 – O acumulador
Gente, o moço é até muito atraente, mas aí eu vejo ele nesse apego com os objetos, eu lembro daquela série americana Hoarders (Acumuladores), e já me dá um certo pânico. Porque o meu segundo marido era assim, ia juntando coisa, juntando coisa em casa, não achava mais nada, até que me perdeu pra sempre. Tanto porque eu fui embora, como porque ele morreu mesmo.
9 – O Infantil
Eu tenho que confessar que gosto muito desses moços barbudos tatuados que o povo tá fazendo agora, mas essa coisa da infantilidade acabou limando a minha inclinação. Por quê, gente? Porque é esse tipo de homem que cria uma relação de dependência, e quando você vai ver, já tá com uma mais nova. Não gosto.
8 – O Relapso
Muito bonitinho, lindo sorriso, dá vontade de apertar as bochechinhas, mas tem aí essa questão que tá tomando um café com uma meia dentro. E o meu primeiro esposo era assim: esquecia a gravata dentro da geladeira, a caneta na máquina de lavar, aí vinha todo meigo: “Dalva, cadê minha cueca?”. E eu às vezes dava uma resposta mal educada até que – Deus que me perdoe, mas graças a Deus – acabou passando dessa pra melhor.
7 – O Bêbado
Gente, alcoolismo é uma doença, um assunto sério. E eu também tomo meu uisquinho, né, gente, que eu também sou filha de Deus. Mas o homem que você já encontra, já tá caindo pelas tabelas, aí não tem condição. É um moço lindo, mas realmente é uma pena que já não posso pensar numa relação mais a sério com ele.
6 – O Gay
Aí você vai me perguntar “Dalva, mas você é homofóbica?”. Não é, gente, eu A-DO-RO os gays, tenho vários amigos que são, trato que nem gente normal mesmo. Sempre artísticos, sempre alto astral, sempre pra cima, A-MO. Mas ali na hora do vamo-ver, eu gosto de homem que é homem mesmo. Tá bom? Mas um beijinho pra ele, adorei ele, lindo ele.
5 – O Relação-Complicada
Isso aí, gente, aí já é melhor ficar longe. Um moço bonito, muito bem apessoado, mas já tá numa situação de um triângulo amoroso, não quero, não posso, não tenho condição física nem emocional. Se sair dessa um dia, aí pode me dar uma ligada, de repente né, quem vai saber?
4 – O Solitário
Isso aí, gente, eu tenho que confessar que me dá uma certa atração, mas não presta. O homem que é muito ensimesmado, muito ali com os próprios botões, aí você vira pro lado, tá na internet vendo pornografia.
3 – O Fetichista
Ai, gente, podem me chamar de antiquada, mas eu nunca lidei bem com essa coisa de fantasia sexual. O meu quarto marido tinha disso: uma vez me apareceu em casa vestido de bombeiro, aí eu até tentei, mas no final a conversa foi descambando pra uma pré-adolescência mais do que tardia, aquela coisa de pega na mangueira, não pega na mangueira, que eu tive um acesso de riso e sexo que é bom, nada.
2 – O Pum Discreto
Esse aí me lembrou muito o meu sexto marido, também era muito bonito, igual a esse rapaz. Mas tinha essa mania muito desagradável: ele abaixava, fingia que ia alongar as costas e soltava pum. Ainda fazia “ai ai”, com um suspiro de alívio, o desgraçado. Aí você pensa: eu posso lidar com isso? Esse aí eu tive que matar mesmo. (Brincadeira, não matei não, gente, foi AVC.)
1 – O Banhinho-Tomado
Ai, isso aí é uma perdição, né, gente? Um moço bonito desses te aparece de toalha, saído do banho, dá até uma umidade na mais exigente das bacurinhas. Mas não posso, que esses moços assim eu já não confio, acho que vai ser coisa de interesse, fico meio ressabiada. Tá bom?
Então, em suma, o que que a gente aprendeu com isso tudo? Que esses moços do balé até são bonitos mas não dá pra se aventurar por essas veredas. Espero que tenham gostado do meu ranking (pronuncia-se “rénquin”), um beijão e até a próxima.
SOBRE A AUTORA:
Meu nome é Dalva, mas os conhecidos chamam de Dalvinha. Os desconhecidos também, mas daí incluem o sobrenome, fica Dalvinha Brandão. Nasci em Salvador, me criei em São Paulo. Estudei Ciências Sociais no Mackenzie, fui expulsa e completei meus estudos no exterior. Nos anos 80 tive uma vida muito agitada, ao lado da minha BFF Neusinha Brizola, que Deus a tenha. Vivi toda a intensidade do New Wave, do Post Punk e era muito amiga da banda Trem da Alegria, especialmente Juninho Bill. Entre 1982 e 1992 fiz ao todo 17 abortos, mas dei à luz três lindas crianças que infelizmente acabei esquecendo em lugares diferentes do Brasil e do mundo – duas já reencontrei. Eu gosto de viajar, conhecer novas pessoas, passear pela praia, à noite, sozinha, usando um vestido Laura Ashley e creme Nívea no rosto. Gosto bastante de sexo, e gostaria muito de poder fazer sexo com o cantor Oswaldo Montenegro, mas a única vez que o vi de perto, desmaiei. Se você tem dúvidas sobre qualquer assunto – moda, beleza, sexo, relacionamento, culinária, gramática, software livre – é só me perguntar no http://ask.fm/dalvinhabrandão